O
deus das ervas, dono das matas, orixá da medicina, da cura, da convalescença.
Mestre do poder curativo das ervas, que proporciona o Axé das plantas , ou seja,
a força vital, imprescindível à realização de qualquer ritual nos cultos
africanos.
Ossãe é a mágica das folhas, tornando mágica, também, sua
convivência com os seres humanos.
Nos dias em que o homem agride a natureza, derrubando árvores,
fazendo queimadas, numa atitude covarde e insensata, Ossãe se levanta como
defensor, pois ele é a própria Ecologia. Ossãe é a folha,; a árvore; o vegetal;
a mata; a floresta, a qual quanto mais densa, mas faz notar sua presença.
Ossãe, de um bilhão de formas, tamanhos, cheiros e essências. O
segredo do poder de curar pela planta está com ele, é proporcionado por ele.
Nos rituais do Candomblé o banho de ervas – Abo – é vital,
imprescindível. Tudo é passa no Abô. Desde louças, travessa de barro, moedas,
pulseiras, búzios, quartinhas, facas, colheres de pau, gamelas, até o próprio
home, que vai se banhar e se purificar pelas ervas. O Abô é algo que não pode
faltar nos rituais, que vai dar o encanto, vai possibilitar a presença da força
cósmica do Orixá. Mesmo nos sacrifícios animais, canta-se para Ossãe – mesmo que
o sacrifício não seja para ele – pois dele dependerá o encantamento daquele ato
sagrado. É Ossãe que trará a calma, a paz, o encanto, para que o ritual
transcorra bem.
Realmente, Ossãe é o encanto, a magia. E é por isso que quando
se vai à mata buscar ervas leva-se fumo de rolo, mel e moedas, para dar o
Senhor das matas e facilitar a busca da erva desejada, pois Ossãe pode
escondê-la de nôs, criar uma ilusão de ótica e não permitir que a vejamos, mesmo
que esteja à nossa frente, debaixo de nosso olhos.
Ossãe está presente nos momentos importantes da vida. Na
salvação de uma vida, através da medicina; nos consultórios. Afinal, Ossãe é o
alquimista, o químico, o farmacêuticos, o Senhor das poções mágicas e
curativas. É o feiticeiro, o bruxo, o medico dos Orixás, conhecedor profundo do
segredo de todas as ervas.
É
o pai da homeopatia; aquele que gera a capacidade de cura, pela ingestão ou
aplicação de plantas medicinais. E está presente, também, no cotidiano, pois
estamos sempre muito próximos do mundo vegetal. É por isso que não devemos
arrancar folhas sem motivos justos; derrubar árvores ou fazer queimada, pois
estaremos violando a natureza, ofendendo seriamente esta poderosa força natura
que denominamos Ossãe.
Sentimos ainda mais sua presença quando estamos num horto, em
meio às ervas. Ossãe é a mágica da folha, a sombra que nos proporciona paz,
tranqüilidade e harmonia.
Mitologia
Ossãe e filho de Nana, irmão de Obaluaê, Oxumarê e Ewá. Sempre
foi muito circunspeto, introvertido, pensativo. Ainda jovem, partiu para
floresta – que sempre o atraiu – e lá estudo as plantas, as árvores e aprendeu
o segredo das ervas, cuidando dos animais feridos e fazendo experiências.
Deteve, assim, o domínio do poder das ervas. E sempre que algum
outro Orixá precisava de uma planta, de uma erva, devia, em primeiro lugar,
pedir autorização a Ossãe, e o senhor do verde.
Xangô, Reio de Oyó, achando que todos deveriam ter o
conhecimento das ervas, pediu à Iansã, Senhora dos ventos, que convencesse Ossãe
a dividir com os demais Orixás os mistérios e os segredos do uso da planta. Ela,
por sua vez partiu para a floresta, sacudiu sua saia e fez gerar uma forte
ventania, espalhando as folhas por todo o reino de Oyó e outro como Ketu, Ifé,
Oxogbô, Abeokutá, Numpé, etc.
Ossãe assitia a tudo de forma impassível. Via suas folhas indo
em direção a todos os reinos, sem dizer uma palavra. No fundo, o alquimista
sabia que estava dividindo as plantas, as espécies e nada podiam fazer diante de
tão forte ventania.
Vitoriosa, Iansã voltou ao reino de Xangô, certa do dever
cumprido. Na floresta, Ossãe lamentava o vento que espalhara suas folhas mas,
intimamente, sorria de forma irônica e comentou consigo mesmo:
-
De que adianta as folhas, sem o segredo? De que adianta possuir a erva, sem o
mistério? De que adianta possuir o ingrediente mágico, sem o poder de gera a
magia?
Assim, Ossãe continou como o mestre das ervas. Embora os outros
Orixás também tenha suas folhas, ficou com Ossãe o segredo e a forma de
encantá-la. De nada adiantou terem as folhas, se não sabiam usá-la ou
aplicá-las. Para isso, continuaram a depender de Ossãe que, sabendo perdoar,
continuou a curar, a dar receitas para gerar o encantamento, pois nada podia ser
feito sem as ervas. Nenhum ritual daria certo sem o encanto das folhas, como
até hoje.
Por isso, o africano nos ensinou, através de um Oriké (verso
sagrado) o que significo, exatamente, o poder de Ossãe:
“
Sem folha não há orixá, não há o Axé!”
(Kosi ewe, kosi orisa, diz o ditado iorubano)
Dados
Dia:
Quinta feira
Data: 5 de Agosto
Metal: Estanho
Cor: Verde e branco
Partes do corpo: o
peito dos pés, parte da perna entre o tornozelo e o joelho.
Comida: fumo, mel,
cachça (otin), milho vermelho, espigas regadas com mel.
Arquétipo: Pessoa
equilibradas e capazes de controlar seus sentimentos e emoções, não deixam suas
simpatias e antipatias interferirem nas suas decisões ou influenciarem suas
opiniões das pessoas ou acontecimentos, aquele que não tem uma concepção
estreita da moral e da justiça.
Símbolos: Ferros com
sete pontas com um passaro, que é árvore com o ramos e uma ave pousada no
topo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário